Nos últimos anos, a tecnologia se tornou um recurso indispensável em diferentes áreas das nossas vidas, transformando as pessoas em seres hiperconectados e, consequentemente, com estresse digital. 

Segundo o Panorama da Saúde Mental, realizado pelo Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, só no Brasil, 45% dos casos de ansiedade entre jovens de 15 a 29 anos estão relacionados ao uso excessivo de redes sociais. Um número que tende a crescer com a expansão dos dispositivos digitais e da cultura da hiperconexão.

Falar sobre ansiedade digital, no contexto da Era Digital, é necessário porque ele já faz parte da rotina de milhões de pessoas, embora muitas ainda não reconheçam seus sinais ou saibam como lidar com ele. Ignorar seus impactos pode agravar problemas de saúde mental e física, aumentando quadros de ansiedade, depressão e até isolamento social. 

Quer entender sobre que é estresse digital, como identificar e quais são as melhores maneiras de desacelerar? Continue a leitura.

O que é estresse digital?

O estresse digital, ou tecnostresse, é um estado de sobrecarga física e emocional causado pelo uso excessivo de dispositivos eletrônicos e pela constante exposição a estímulos digitais. Essa condição é marcada pelo cansaço mental decorrente da hiperconexão, das demandas de resposta imediata e do excesso de informações recebidas todos os dias.

Do trabalho remoto às relações pessoais mediadas por mensagens e redes sociais, passamos grande parte do nosso tempo conectados. Aqui no Brasil, por exemplo, o Relatório Digital 2023, realizado pela DataReportal, mostrou que as pessoas passam, em média, mais de 9 horas por dia diante de telas. Além disso, essa exposição diária tem gerado em muitas pessoas uma falsa percepção da realidade, trazendo frustração para quem não consegue alcançar a vida bem-sucedida vendida nas redes sociais.

A dependência digital não é apenas um desconforto passageiro, mas um problema que afeta diretamente a concentração, o sono, a produtividade e até a qualidade das relações interpessoais. Portanto, é importante saber identificar os primeiros sinais e buscar formas de deixar a mente ativa longe das telas.

Como identificar o estresse digital

Não é normal sentir ansiedade ou desconforto ao ficar sem celular, ou internet por algumas horas, nem desistir de fazer atividades importantes e se isolar socialmente para não se desconectar. Por isso, atente-se aos sinais e faça uma autoanálise sobre esses comportamentos na sua vida. 

Socializar pode ser difícil, mas é necessário e importante para o nosso desenvolvimento e saúde mental. O contato social reduz sentimentos de solidão, evita depressão, ansiedade e pode até prevenir doenças.

O estresse digital é comumente confundido com o estresse do cotidiano, pois ambos causam uma sensação constante de esgotamento mental, afetando também o emocional e o comportamental. No entanto, há sinais específicos que ajudam a identificar quando o uso da tecnologia está ultrapassando limites saudáveis. Acompanhe abaixo:

Fadiga visual e dores de cabeça: olhar para telas por longos períodos provoca cansaço nos olhos, visão embaçada, dor na testa e, em muitos casos, enxaquecas recorrentes;

Distúrbios do sono: a luz azul emitida por celulares e computadores afeta a produção de melatonina, hormônio essencial para regular o sono. Isso explica porque muitas pessoas têm dificuldade em “desligar” a mente após mexer no celular antes de dormir;

Ansiedade constante: quando a pressão para responder mensagens imediatamente ou acompanhar todas as novidades geram uma sensação de urgência, é porque está na hora de repensar o seu consumo de informações; 

Irritabilidade: as pequenas interrupções, como notificações ou e-mails fora de hora ao longo do dia, podem gerar impaciência desproporcional e afetar suas relações interpessoais;

Verificação compulsiva do celular: a pessoa não consegue assistir a um filme ou uma aula sem interrupção porque sente necessidade de checar mensagens, redes sociais ou notificações a cada minuto;

Dificuldade de concentração: o estresse digital pode reduzir a produtividade no trabalho, como, por exemplo, começar a trabalhar em um relatório e, em menos de 10 minutos, já estar navegando em uma rede social sem perceber.

A Organização Mundial da Saúde já reconhece a importância de equilibrar a vida digital com hábitos saudáveis para evitar prejuízos à saúde. A melhor forma é experimentar até encontrar as melhores formas para se desconectar das telas e se reconectar com a vida fora dela. 

Maneiras reais de desacelerar o estresse digital

Embora o estresse digital seja um reflexo da vida moderna, existem formas práticas de desacelerar e reconquistar o equilíbrio. Confira algumas estratégias:

1. Defina limites claros para o uso de telas

É importante reservar momentos do dia para se desconectar totalmente. Por exemplo: refeições sem celular, horários fixos para responder mensagens e desligar notificações durante o período de descanso. Faça um esforço e não desanime, essas pequenas pausas fazem diferença;

2. Experimente o “detox digital”

O detox digital vai funcionar como doses homeopáticas de desconexão intencional. Ele não precisa ser tão radical, apenas ser uma ferramenta para o uso mais consciente da tecnologia. Por exemplo: escolher um dia da semana ou algumas horas por dia para ficar longe do celular, computador ou TV;

3. Cultive atividades offline

Buscar hobbies acessíveis e fora das telas é essencial para a mitigaçãopara mitigação do estresse digital. Podem ser leituras de livros físicos, jardinagem, caminhadas ao ar livre, brincar com seu pet ou até mesmo começar uma pintura numerada terapêutica. O importante é ter um espaço de respiro que não dependa da tecnologia;

4. Experiências lúdicas offline

Explorar hobbies coletivos fora do celular ou internet é tão saudável quanto as atividades individuais. Por exemplo, reunir amigos ou familiares para uma noite de jogos e colocar o papo em dia, são maneiras divertidas que geram conexão social genuína. Nesse caso, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, cartas e outras atividades em grupo podem ser uma boa alternativa contra o estresse digital. 

Além de estimular o raciocínio, as experiências lúdicas offline promovem foco, relaxamento e interação real com outras pessoas. Essas experiências não apenas ajudam a desacelerar, como também trazem sensação de pertencimento e bem-estar;

5. Estabeleça rotinas conscientes

O objetivo de estabelecer rotinas conscientes é viver momentos de presença plena, sem a interferência de telas. Seja criando rituais de cuidado pessoal, dando uma caminhada matinal, escrevendo em um diário ou tomando um café sem pressa, a finalidade é buscar formas de equilibrar a rotina e desacelerar a mente.

É importante dizer que desacelerar não deve ser apenas um esforço pontual, mas sim um hábito. O segredo é começar com pequenos passos, estabelecendo metas alcançáveis e, com o tempo, esses passos vão crescendo naturalmente a ponto de ser parte essencial da rotina. 

Transformar experiências offline em rituais regulares — seja com leitura, práticas manuais ou jogos coletivos — é uma forma de cultivar equilíbrio. Assim, o desligar-se do digital deixa de ser um desafio e se torna um prazer.

O bordado por números da Dear Friends é um exemplo prático de experiência offline para você incluir nos seus hábitos saudáveis contra o estresse digital. Um exercício terapêutico prazeroso que une criatividade, diversão e tranquilidade mental.